quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Eat it!



Sempre achei especialmente curiosos os argumentos de clipes musicais baseados em artistas comendo. Em geral, estas produções vão além do arroz com feijão, gerando momentos de alta gastronomia visual.

Na semana entre o Natal e Réveillon – esta mesmo,  a que corresponde ao apogeu de nossos excessos culinários durante o ano - o Mala da Lista preparou um cardápio especial para a Virada: um menu degustação com cinco vídeos estrelados por músicos glutões. Se não servirem para abrir o apetite, no mínimo emocionam ou arrancam gargalhadas.

Bom apetite.


5-Bjork – “Venus as a Boy” (1993)

Coube a Sophie Muller, diretora com mais de uma centena de videoclipes no currículo, transformar em fetiche não apenas a barriguinha de fora da gnoma do gelo, mas também o simples fritar um ovo. Frigideira em punho, a gnoma do gelo faz dengo, acaricia um lagarto e canta toda sonhadora sobre a fantástico arranjo “Bollywood” de Talvin Singh.



4-Blur – “There’s no Other Way” (1991)

Engana-se quem pensa que os almoços dominicais ingleses se resumem a fish and chips. No banquete da Família Blur há espaço para uma apetitosa torta com molho e almôndegas, otimistas prenúncios para a apoteose final: o tremelicante bolo de vários andares que, iluminado entrecortadamente no melhor estilo David Lynch, tem pinta de nave espacial.



3-Ramones – “I Wanna Be Sedated” (1979 – clipe de 1988)

Para promover a coletânea “Ramonesmania”, Bill Fishman, diretor de comédias televisivas de pouca repercussão, pediu aos Ramones que ficassem por algumas horas sentados, imóveis, em uma mesa de café da manhã. Dee Dee, sempre o mais cool, até lê um comic, enquanto vários enfermeiros, uma freira, um super-homem inflável e até mesmo um tocador de gaita de fole circulam com histeria ao redor dos quatro.



2-Asian Dub Foundation e Sinéad O’Connor – “1000 Mirrors” (2003)

O vídeo dirigido pelo francês Henri-Jean Debon é impactante. Convidada estrangeira a um jantar de uma família indiana, a norte-irlandesa Sinéad pede a palavra. E canta a terrível história da paquistanesa Tsoora Shah, condenada a vinte anos de prisão por envenenar e matar o segundo marido que, como o primeiro, a espancava e violentava, além de obrigá-la a se prostituir. No começo, os anfitriões – aos quais se incluem integrantes do ADF - não dão bola à carequinha, fingem não ouvi-la e até fazem boba coreografia. Após o primeiro refrão, porém, o clima “baixastraliza” e a mesa silencia, enquanto O’Connor questiona o calvário de Tsoora.



1-Weird Al Yancovic – “Eat It” (1984)

Não é à toa que quase todos os astros parodiados por Weird Al se dizem seus fãs (são raros os casos de gente que não autorizou suas sátiras). Michael Jackson, um dos principais alvos do humorista, até indicava os sets originais de seus clipes para que o célebre nerd de bigode e óculos pudesse utilizar. Foi o caso de “Eat It”, paródia do clássico “Beat It” que, além de contar com letra hilária (“You won't get no dessert 'till you clean off your plate/ So eat it” é apenas um aperitivo) e reproduzir quadro a quadro o vídeo de Michael, também foi fidelíssimo quanto a figurino, fotografia e o aspecto dos atores (não sei, mas creio que os principais foram os mesmos). Uma superprodução galhofeira que atinge seu clímax na famosa cena de luta entre gangues: os chefes dos bandos duelam “atados” por um frango de borracha.

 
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